Utilizar e explorar uma dramaturgia de imagens calcada no corpo do ator, através de uma hibridismo entre corpo,voz, movimento e objeto, tendo como forte referência o trabalho da
coreógrafa alemã Pina Bausch.
Considerando
essa mistura de linguagens, de forma a explorar diversas possibilidades
expressivas e estéticas, utilizo o termo "Pós-dramático" para definir a minha proposta.
Como
objetivos estéticos, pretendo trabalhar com Grotowski, utilizando o método das ações físicas, propostas
por Stanislavski:
O
ator não deveria buscar o sentimento, mas sim em concentrar-se em como
realizará tal ação, variando e explorando inúmeras possibilidades de como
executá-la, modificando ritmo, intensidade, entre outros. Portando, o conceito
de ação física envolve tanto as ações executadas exteriormente quanto as ações
internas desencadeadas pelas primeiras. Stanislavski (1989) afirmava que a ação
exterior alcança seu significado e intensidade interiores através do sentimento
interior, e este último encontra sua expressão em termos físicos.
O
impulso:
O
“impulso” para Grotowski, segundo Richards (2012), é algo que empurra de
dentro do corpo e se estende para fora em direção à periferia, mas que não vem
de um campo unicamente corporal. Antes de uma pequena ação física, existe um
impulso, como se ela ainda estivesse praticamente invisível de fora, mas já
tivesse nascido no interior do corpo. Buscava impulsos orgânicos em um corpo
desbloqueado que se orienta para uma plenitude que não pertence à vida
cotidiana, buscando assim não utilizar o gesto comum, ou a naturalidade
cotidiana, mas sim um signo que é característico da expressão primária.
O
não natural/realista:
Em
seu trabalho, Grotowski redefine a noção de organicidade. Para Stanislavski,
“organicidade” significava as leis naturais da vida “normal” que, através da
estrutura e da composição, aparecem no palco e se torna arte; enquanto para
Grotowski, organicidade indica algo como potencialidade de uma corrente de
impulsos, uma corrente quase biológica que vem de “dentro” e que vai terminar
num ação precisa. (RICHARDS, 2011, p.107)
Os
atores não buscavam os personagens:
Os
personagens, na verdade, apareciam na mente do espectador. O ator não se
identificava como o “personagem”. Isso fica claro com o exemplo do Príncipe
Constante de Ryzard Cieslak, onde o “personagem” foi construído através de uma
montagem e era destinado, sobretudo, à mente do espectador.
Infinitas
variações espaciais entre ator e plateia:
Os
atores podem representar meio aos espectadores, interagindo com a plateia, esta
com um papel passivo no drama (como em Caim, de Byron e Shakuntala,
de Kalidasa). Os atores podem construir estruturas entre os espectadores,
incluindo-os na arquitetura da ação e submetendo-os à sensação de pressão,
congestão e limitação do espaço (como em Akropolis, de Wyspianski). Os
espectadores podem ficar separados dos atores, por exemplo, por uma cerca alta,
acima da qual apareçam apenas suas cabeças (como em O Príncipe constante,
de Calderon). Ou a sala inteira é utilizada como um lugar concreto (como a
última ceia de Fausto).
A
centralidade sobre o trabalho do ator, onde os elementos plásticos
(cenário, figurino, luz...) não são prioridade. Os elementos visuais são
construídos (ou completados) através do corpo do ator. O treinamento do ator.
E
juntamente com Laban, proponho
trabalhar as variações das ações.
Fluxo
– livre ou contido
Peso
– leve ou forte
Tempo
– lento ou rápido
Foco
– direto ou indireto
Trabalhando
o conceito de repetição de uma ação:
Pela
repetição, o corpo explora sua existência conflituosa e paradoxal, entre o
natural e o linguístico, o expencial e o automático, o pessoal e o social. O
corpo “reconta” e “redança” sua própria história de dominação, continuamente
repetindo e transformando.
(CIANE
FERNANDES, 2007)
Ambos
tratam sobre as ações físicas. Com uma pequena diferença: o que Grotowski
denomina ação física, Laban chama de ação corporal, pois para ele uma “ação
física” é composta apenas por movimentos sem qualquer tipo de impulso interno.
“A
extraordinária estrutura do corpo, bem como as surpreendentes ações que é capaz
de executar, são alguns dos maiores milagres da existência. Cada fase do
movimento, cada mínima transferência de peso, cada simples gesto de qualquer
parte do corpo revela um aspecto de nossa vida interior. Cada um dos movimentos
se origina de uma excitação interna dos nervos, provocada tanto por uma
impressão sensória imediata quanto por uma complexa cadeia de impressões
sensórias previamente experimentadas e arquivadas na memória. Essa excitação
tem por resultado o esforço interno, voluntário ou involuntário, ou IMPULSO
para o movimento”.
(RUDOLF
LABAN, 1978)
AÇÃO X CORPO X MOVIMENTO
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