segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Foi dada a largada.




Percepções de uma atriz.

Quando aceitei o convite para participar da encenação “Maysa: corpo, voz e movimento” não tinha ainda uma ideia muito formada acerca do projeto, o que muito me influenciou na decisão foi primeiramente a oportunidade de trabalhar com Arthur, pois já havia visto alguns trabalhos dele como ator e havia gostado muito, depois por se tratar da figura da Maysa, uma mulher visceral e que teve uma vida intensa em todos os sentidos. Com relação à estética utilizada para a montagem, confesso que fiquei bastante insegura, além de não ter muita experiência com o teatro, conheço muito pouco de dança-teatro comecei a ter algum contato com esse tipo de linguagem esse ano, através de espetáculos que vi, as aulas de expressão corporal e um documentário que assisti sobre a Pina Bausch, aliás, Pina é a grande inspiração do Arthur. Encontrar uma relação orgânica entre o corpo e a voz, não dissociando mente e corpo para que se faça surgir através de muito trabalho movimentos cheios de vida, que consigam transmitir a visceralidade de Maysa, eis o grande desafio. Sinto uma enorme responsabilidade, não no mau sentido, de conseguir trazer para meu corpo a força e intensidade com que Maysa viveu, como diz o Arthur as intenções em cena tem de ser decididas, sem hesitação, pois foi assim que Maysa viveu. 



Em um desses últimos ensaios tive um grande aprendizado e descoberta para minha própria vida, enquanto trabalho de direção um dos nortes é trabalhar com a dificuldade e o risco, na cena em que eu e o Johann fazemos uma partitura de desequilíbrio em cima das cadeiras, enquanto Maysa canta a música “resposta”, eu sentia muito medo de cair, ou não buscava tanto me arriscar saltando de uma cadeira à outra da maneira mais segura, foi então que o Arthur disse que não havia problema em cair ou “errar”, mas o importante era saber o que fazer com o erro, buscar soluções sem hesitação. Estamos sim, trabalhando duro, com técnicas, marcações, mas como teatro é equivalente à vida, estamos no caminho do controle e descontrole, ensaiamos e temos sob controle o desenvolvimento do processo, mas como numa concepção de teatro e vida não superficial e mecânica e sim intensa de todo tipo de experiências, emoções e sentimentos, estamos passíveis a erros sim, a quedas, a fraturas tanto físicas como emocionais. Fiquei então pensando, que a vida é bastante isso buscar um equilíbrio entre esse controle e descontrole, porque controle demais torna a vida insossa e mecânica e somente o descontrole pode nos levar a quedas fatais, e o mais importante de tudo saber o que fazer com o erro, buscar uma solução para isso. Pra mim a cena das cadeiras representa isso, controle e descontrole na linha da vida, as quedas, o medo, a coragem de se arriscar, as adversidades, digo isso porque pra mim é mais do que uma encenação sobre a Maysa, é sobre eu, tu, ele, nós, todos aqueles que buscam uma vida menos mecânica e superficial, sobre aqueles que como Maysa tentam se buscar de todas as formas possíveis. 

Por vezes fico bastante emocionada vendo a Tainara interpretando a Maysa, algumas feridas dela também são minhas. Esse também é outro ponto importante, estamos tendo contato com um rico material sobre a cantora Maysa através de livros, das postagens do blog e no grupo da encenação no facebook, são informações que vão muito além da carreira artística, fragmentos de seus diários, suas poesias, pinturas, entrevistas... Gosto muito também das soluções que são dadas para as cenas, trabalhamos com um cenário muito simples, com objetos muito simples, mas que em cena e pelo fato de como eles são manipulados o que era simples torna-se fantástico. Bom, e como ainda estamos em pleno processo, espero poder superar minhas dificuldades e certos bloqueios, acredito que teatro seja transformação e espero estar forte e segura para me transformar ainda mais.

por Bruna Anjos
Atriz

domingo, 15 de dezembro de 2013

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Primeiros testes(erros)...

Ontem o clima do ensaio acabou direcionando para os testes de fotografia, então exploramos várias tentativas de imagens em frente ao espelho, que será usado em cena, alguns focos de signos importantes como o cigarro, bebida, a máquina de escrever. Segue abaixo os nossos primeiros erros:






Fotos: Ana Laura Paiva

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Mapa de luz !

Através do LabLux, um software criado pelo Laboratório de Iluminação do Departamento de Artes Cênicas do Instituto de Artes da Unicamp, resolvi experimentar montar um mapa de luz para irmos pensando o que será possível utilizarmos dentro das condições físicas e técnicas que possuímos. Segue abaixo um primeiro esboço:


domingo, 1 de dezembro de 2013

Reflexões sobre...

Estar dirigindo uma cena é ter que fazer escolhas, pensar olhares, ouvidos e sentidos. Existe um espaço entre o ator e o diretor que com o desenrolar das relações (arte/vida), caminhos vão sendo construídos interligando ambos por diversas raízes.


Falar sobre Maysa em uma estética influenciada por Pina Bausch pode ser considerado demasiado redutor. É sempre redutor, o que quer que se escreva, fale ou faça sobre grandes pessoas. Mas nunca prentendeu ser uma biografia. Nunca pretendeu ser um ensaio de Wuppertal. Enfim!


"O teatro só tem significado se ele nos permitir transcender nossa visão estereotipada, nossos sentimentos convencionais e costumes, os nossos padrões de julgamento - não pela simples razão de fazê-lo, mas para que possamos experimentar o que é verdadeiro e, tendo abandonado todas as fugas diárias e pretensões, num estado de completo desamparo, nos desvelar, nos entregar e nos descobrir."
Jerzy Grotowski

Junto a pessoas, estou me encontrando, esclarecendo...


"Quem fica faz arte com as sobras de quem parte."

O título dessa postagem faz parte de um livro que atravessou meu caminho, "Eu me chamo Antônio" do autor Pedro Gabriel, e essa frase me chamou muita atenção para esse processo que estamos conhecendo Maysa. Abaixo segue um vídeo do processo de nosso experimento...





Quadrado rítmico

Na cena em que Maysa tenta alcançar o pedestal do microfone para cantar e as figuras da família e da sociedade representadas pelos contra regras a impossibilitam afastando-o dela, estávamos com um problema de velocidade, pois o ritmo aumentava de forma não gradativa, indo de uma velocidade lenta para rápida já na segunda repetição. Sendo assim, desenhamos um “quadrado rítmico” no chão estabelecendo os pontos de cada local do pedestal, e posteriormente reduzimos esses pontos em duas proporções menores, estabelecendo três quadrados. Assim, o ritmo foi aumentando gradativamente devido a relação entre tempo/espaço.